sexta-feira, 17 de agosto de 2007

A Rede Globo e suas polêmicas


No último domingo, 12 de agosto, o Fantástico trouxe até nós telespectadores o que Zeca Camargo definiu como um caso polêmico. O empresário Ernie Peckam de 38 anos teve uma infecção que atacou os rins e precisava de um rim novo. Mas a fila para um transplante de rim nos Estados Unidos tem 67 mil pacientes. A polêmica desse caso é que quem foi considerado como doador 100% compatível com o empresário foi um enfermeiro condenado a prisão perpetua por ter confessado o assassinato de 40 pacientes em 16 anos. Porém a doação foi contestada pois nos Estados Unidos a doação de órgãos por presos condenados é proibida.
O enfermeiro Charles Cullen, de 48 anos só pôde doar o rim porque tomou a decisão antes de ser sentenciado.
De acordo com Cláudio Cohen, professor de bioética da Universidade de São Paulo (USP) a pessoa que está presa não perde a capacidade civil. Ela perde alguns direitos, como o direito de ir e vir, de ter passaporte, viajar. Mas não perde o direito sobre seu corpo",
O Fantástico não contente por essa lei ser nos Estados Unidos saiu pelas ruas de São Paulo perguntando às pessoas se elas precisassem de transplante de órgãos se iriam aceitar órgãos de presidiários.
De acordo com o Portal de Oftalmologia do Brasil as pessoas esperam dois anos na fila de espera para transplante de fígado e quatro para rim. De 20 a 30% dos 16 mil pacientes que esperam a realização do transplante morrem na fila esperando por uma doação. Com índices negativos como esses o Fantástico se acha no direito de questionar sobre a aceitação de transplante de órgãos de presos. Com esse discurso os jornalistas da Globo esquecem que presidiários são seres humanos, e que quem precisa de doação de órgãos não têm que escolher de quem receber esses órgãos. Quem precisa não escolhe.
A Rede Globo e essa mania de polemizar o que não é polêmico.